domingo, 30 de setembro de 2012

O breu, o fósforo, o cigarro, a lanterna. Uma ideia.

Ok. Tá difícil lidar comigo. "Quem mandou ser grande", a voz da minha mãe invade este quarto quase de entulho. Atrás uma criança dorme.
Conflito, não no quarto, nem no banheiro, tampouco pelas vielas. É no breu que só uma noite sem luar compadeceria do eco. Grito e a voz a se repetir e sumir sumir sumir sumir. Precipício, poço, imensidão, só eu. As pilhas não têm mantido por mais de três dias essa lanterna acessa. Talvez um fósforo. Tenho um cigarro no bolso. Um cigarro, um fósforo, uma lanterna sem energia. Pensa, pensa, pensa... O breu, tá para todos os lados, inferno! Se este fosse, ao menos o fogo manteria clara a visão, aqueceria o corpo, ocuparia a mente - imagina quantas figuras excêntricas no inferno! Volto ao breu, ao cigarro, ao fósforo e à lanterna. Estou só, nem minha companhia parece segura, na verdade não parece com nada, tá escuro. Vai continuar escuro, parece sempre noite. Sonho durante a noite! Sonho muitas coisas, coisas com luz, talvez uma caixa cheia de fósforos! Ou um maço cheio e um fósforo? Pilhas, muitas pilhas! Mas se é um sonho, posso sonhar outro lugar. Mas outro lugar... Outra vida? É isso? Talvez devesse ter nascido fora de Sagitário, acho que a vida seria mais unipolar.
Continuo acordada, um fósforo, um cigarro, uma lanterna. O breu. Sonhar ou não sonhar, eis a questão? Com o que sonhar, olk. Um vinho, vou sonhar com um vinho, um fósforo e um cigarro. E o breu. A única coisa que agora vejo é a fumaça a se espalhar no ar, vagarosamente a se desfazer. Outra tragada, o branco, o breu. O vinho. Toco à boca a garrafa; o gosto invade por todo meu céu, desce a garganta.
Os olhos fecho por um instante, a fim de sentir, apenas sentir. Mas tá um breu, por que fechá-los? O gosto parece tão real...!
Acordo embriagada, preocupada olho para as mãos, agora é o segundo cigarro, outro fósforo. Sensação confortante tê-los. Parece que estou me acostumando ao fósforo, ao cigarro e à lanterna. Somos 5? Já não sei, este breu sou eu? Então, apenas 4. Satisfaço-me com a ideia de acender o cigarro com a ponta do fósforo e tragá-lo. Satisfaço-me com a imaginação. Agora somos 5. Talvez só um, a ideia da vida. Masse são eles que estão me proporcionando a ideia e posso senti-los, ainda tenho tato, como pode tudo ser apenas uma ideia? O breu. Talvez eu esteja sem visão apenas. O branco da fumaça? Boa ideia.