sexta-feira, 21 de março de 2014

Rio, 20 de março

Local: escritório da Agência, Lapa.

Espaço: sala reservada apenas uma, onde as pessoas trabalham; espaços abertos, poucas divisões, bagunçado. Há algo que me chamou a atenção. Um painel grafitado. Há uma pessoa desenhada de casaco, mochila, cabelo preso com coque e uma tiara. Olhar vago, cabeça sutilmente caída. Defronte, cartas abertas e/ou violadas, todas em branco. Lembrei das cartas ridículas de Álvaro Campos. Atrás uma rua vazia, ao lado uma árvore. Ao redor 4 frases, 3 me chamaram a atenção:

                       1. "Procuro a minha história"
                       2. "Só o amor não consumado pode ser romântico"
                       3. "Das histórias de amor, me intrigam mais as que acabam"

Lembrança: gosto por filmes que não têm finais felizes, amores interrompidos, mas que talvez não acabem. Também lembrei da conversa de quarta sobre manter vínculo materno por tanto tempo. Desejo por prolongamento?¹ E rupturas. Amores, paixões, sensações instigantes e estimulantes. O fim é uma metáfora.
¹Ou seria o desejo prolongado?

quarta-feira, 5 de março de 2014

Nome próprio

Tenho deixado escapar palavras espontâneas, estão a rondar apenas em meus pensamentos;
assim como agora, estou atrás do melhor vocábulo, tolice, mesquinhez.
Resolvi, então, por dizer isto.
E, assim, me introduzir às palavras que se fizeram despertar após o filme "Nome próprio" que não me atenderei a fazer sinopses.
Pois bem, eis me aqui desperta ao som do jazz em Davis,
a desenhar minha vã humanidade no ato de escrever.
Sim, parece que ao escrever me sinto humana.
E não se engane por pensar serem condolências a outrem, trata-se de mim.
Do eu por trás do "nós", escamada, em camadas.
Desvelar.
Notavelmente envolvida em um conservadorismo colonizador, civilizador.
Quase limitada nas formas ficcionadas
[de uma dramaturgia].
Por isso o escrever me faz humana.
Desvelo pro sol meu corpo nu.
Mas queimo minha pele, branca,
estou próxima de fugir.
A cada exposição sinto-me próxima do inacabado,
do efêmero,
do que me vejo sendo e estando.
A cada exposição enxergo com mais clareza meus detalhes e,
em seguida, todos somem e fica o que é efêmero à luz da lâmpada.
Como se direcionasse meus olhos ao sol sem qualquer bloqueio que inviabilize a potência da luz,
ofuscar;
meus olhos, condicionalmente, se fecham para suportá-lo.
Tenho andado com olhos cerrados.
Se o tenho feito significa, então, que
o sol se põe exposto.

Há tempos não escrevo.

Talvez para fugir da claridade do humano.
E me desvelar para mim.
Encontrar raios que minha mente precisa ofuscar e
se resguardar por trás de lentes artificiais de proteção.
Preciso escrever.
Preciso revelar-me a mim,
talvez simplesmente a mim.
Saber do índio nu antes do vestir do homem branco.
Saber de mim.
Como diria: "saber o que me faz sentir eu",
caçadora de mim.