sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Dia de amor

Uma flor.
Uma rosa rosada.
E esse sorriso que não me sai do rosto.

domingo, 30 de setembro de 2012

O breu, o fósforo, o cigarro, a lanterna. Uma ideia.

Ok. Tá difícil lidar comigo. "Quem mandou ser grande", a voz da minha mãe invade este quarto quase de entulho. Atrás uma criança dorme.
Conflito, não no quarto, nem no banheiro, tampouco pelas vielas. É no breu que só uma noite sem luar compadeceria do eco. Grito e a voz a se repetir e sumir sumir sumir sumir. Precipício, poço, imensidão, só eu. As pilhas não têm mantido por mais de três dias essa lanterna acessa. Talvez um fósforo. Tenho um cigarro no bolso. Um cigarro, um fósforo, uma lanterna sem energia. Pensa, pensa, pensa... O breu, tá para todos os lados, inferno! Se este fosse, ao menos o fogo manteria clara a visão, aqueceria o corpo, ocuparia a mente - imagina quantas figuras excêntricas no inferno! Volto ao breu, ao cigarro, ao fósforo e à lanterna. Estou só, nem minha companhia parece segura, na verdade não parece com nada, tá escuro. Vai continuar escuro, parece sempre noite. Sonho durante a noite! Sonho muitas coisas, coisas com luz, talvez uma caixa cheia de fósforos! Ou um maço cheio e um fósforo? Pilhas, muitas pilhas! Mas se é um sonho, posso sonhar outro lugar. Mas outro lugar... Outra vida? É isso? Talvez devesse ter nascido fora de Sagitário, acho que a vida seria mais unipolar.
Continuo acordada, um fósforo, um cigarro, uma lanterna. O breu. Sonhar ou não sonhar, eis a questão? Com o que sonhar, olk. Um vinho, vou sonhar com um vinho, um fósforo e um cigarro. E o breu. A única coisa que agora vejo é a fumaça a se espalhar no ar, vagarosamente a se desfazer. Outra tragada, o branco, o breu. O vinho. Toco à boca a garrafa; o gosto invade por todo meu céu, desce a garganta.
Os olhos fecho por um instante, a fim de sentir, apenas sentir. Mas tá um breu, por que fechá-los? O gosto parece tão real...!
Acordo embriagada, preocupada olho para as mãos, agora é o segundo cigarro, outro fósforo. Sensação confortante tê-los. Parece que estou me acostumando ao fósforo, ao cigarro e à lanterna. Somos 5? Já não sei, este breu sou eu? Então, apenas 4. Satisfaço-me com a ideia de acender o cigarro com a ponta do fósforo e tragá-lo. Satisfaço-me com a imaginação. Agora somos 5. Talvez só um, a ideia da vida. Masse são eles que estão me proporcionando a ideia e posso senti-los, ainda tenho tato, como pode tudo ser apenas uma ideia? O breu. Talvez eu esteja sem visão apenas. O branco da fumaça? Boa ideia.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

domingo, 15 de julho de 2012

De trilho em trilho


Trens de cores,
para estrelas
Trens das 11h,
de chegadas e partidas.
São vidas que se repetem na estação.

Na mala, saudade
abraço apertado.

Na memória,
Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí.

Partidas sem planos.
Liberdade para ficar,
repousar sobre essa cama
Cama desta noite...


---

[Encontros e Despedidas;
Trem das Cores;
De volta pro aconchego;
Um trem para as estrelas;
Trem das onze]

quarta-feira, 4 de julho de 2012

História em uma praça 15...


Era uma vez uma Menina-da-risada-estranha que morava num canto da cidade e outra menina, esta de olhos de tigre, que morava do outro lado da cidade.

A Menina-dos-olhos-de-tigre vivia num sítio bem distante da cidade. Foi criada por um domador de tigres e em meio a eles, seus amigos de infância era um casal de lindos tigres. Desde pequena aprendeu a cuidar deles, brincavam todos a rodar pela grama; brincadeiras de pouca sutileza, ou melhor, de nenhuma sutileza! Eram selvagens e seus corações eram preenchidos de toda aquela amizade. Desses tigres nasceram belos e pequeninos filhotes, com seus olhos marcantes, coisa de tigre ou de quem por eles é criado.

Noutro canto da cidade havia a Menina-da-risada-estranha, na sua vida tranquila e normal. Mas existia algo de solidão naquela pacatez. A Menina-da-risada-estranha tinha um hábito de ler ao ar livre, geralmente no quintal de sua casa, onde encontrava paz e ar para seus pensamentos voarem sobre lindas histórias de livros antigos. Num domingo de primavera, a Menina-da-risada-estranha estava realizando seu prazeroso ritual da leitura à luz do dia, era um mundo próprio seu. De repente algo ultrapassa a realidade dos sonhos e recai ao seu lado. Era uma bola de gás vermelha. Olhou pr'aquilo e admirou a sutileza daquele movimento. Menina-da-risada-estranha tem mania de gostar de coisas comuns, muitas vezes despercebidas pelos olhares alheios. Estava começando a anoitecer quando ela entrou em sua casa e foi preparar um prato tradicional de sua região, era um tal de "macarrão instantâneo".
-- 

Tempos antes, do outro lado da cidade, a Menina-dos-olhos-de-tigre encontrava-se sob profunda tristeza. Sua amiga de infância havia deixado-a; morreu a tigresa que plantou no coração daquela jovem menina um amor para poucos. Daquele sentimento de solidão, a Menina-dos-olhos-de-tigre começou a escrever enquanto lágrimas presas desciam quase com raiva de estarem tão expostas assim. Escreveu, escreveu, escreveu. Sua dor foi expressa naquelas palavras tristes, mas com algo de alegre por ter existido toda aquela vida ao lado de sua amiga. Decidiu que as palavras naquele papel mereciam a liberdade, a mesma liberdade pela qual elas foram escritas ali. O modo que encontrou foi dobrar -diria amassar!- o papel, até que ela pode colocá-lo dentro de uma bola vermelha de gás, feito essas de festas. Soltou-a, estavam livres todas as palavras...
-- 

Enquanto o prato típico estava quase pronto, a Menina-da-risada-estranha ouviu um estouro vindo do quintal. Foi até lá ver o que era. Percebeu que a bola havia estourado com o chão espesso. Deu uma risada de alívio, "foi só a bola" riu. Juntou os pedaços que se espalharam, até lembrar-se da comida. Apagou o fogo e, antes de comer, voltou para o quintal para terminar de juntar os pedaços. Observou que havia um papel todo amassado -é, não havia sido dobrado-; primeiro achou que tivesse esquecido aquele papel ali, mas não lembrava-se de ter feito aquilo [recorte: a Menina-da-risada-estranha tinha hábito de jogar coisas no lixo; recorte 2: essa mesma menina tinha hábito de ler coisas que achava na rua, no chão, na parede, na camisa alheia... voltemos.]. Por fim, depois de pensar que aquilo não era mesmo seu, abriu. Começou a ler aquelas palavras, foi identificando-se com todo sentimento presente ali, tão intenso de solidão. Sentiu intimidade e confortada, feito afago de um abraço. Essas palavras projetavam um espaço um tanto familiar pra Menina-da-risada-estranha. Falava de um sítio grande, tigres, uma placa no portão. Lembrou-se de um passeio que fez, ainda quando criança era um lugar verde, bonito, um moço meio senhor de idade que fazia com que bichos grandes obedecessem ele, mas sem violência, ela ficou espantada pela forma com que o moço-meio-senhor-de-idade fazia aquilo; admirou-o. Eram tigres os tais bichos grandes.

Passou a noite pensando naquilo. "Será que o balão veio de lá?", "Quem foi essa pessoa que escreveu? Era tudo tão próximo de mim", pensava.

Depois de uma noite mal dormida, Menina-da-risada-estranha resolveu pela manhã ir visitar aquele sítio de suas lembranças e, de talvez, daquele papel. Era uma segunda, feriado. Saiu bem cedo, arriscou-se nos ônibus e não deu outra: acertou o local.

Lá estavam: a placa, o mesmo portão, dessa vez bem velho, a madeira meio caída, mantida por uma corrente forte. Avistou aquele verde... É, o verde parecia ainda mais novo, estava lindo! Entrou, precisava reviver tudo aquilo. Andou poucos metros quando observou ao longe aqueles tigres de novo, alguns mais novos, ainda crianças. Havia uma pessoa ali, brincando também. Lembrou-se do senhor-moço e de como domava aqueles tigres. Dessa vez parecia tudo como uma brincadeira, ainda mais admirável aos olhos da menina estranha. A casa de madeira! Ela havia esquecido aquela casa antiga, tão linda.

Tudo aquilo, as lembranças boas vindo à tona... Sentiu-se acompanhada da saudade, não estava só. Retirou os chinelos, sentou-se no gramado e ficou admirando cada detalhe. Tirou de sua bolsa um pequeno caderno e sua caneta, ficou a representar no papel a paisagem que lhe enchia os olhos quando, ao seu lado, uma bola parou. Parecia um tanto molhada e não era água. Talvez baba daqueles felinos? É, baba dos bichanos. Olhou para frente, algo vinha em sua direção, mas o sol não lhe dava uma visão completa. Até que a tal jovem domadora-de-brincadeira-com-os-tigres chegou ao seu alcança; pode enxergá-la com tamanha nitidez que não conseguia -nem desejava- parar de olhar. Aqueles olhos! Talvez tivesse vivido tanto tempo com os tigres que seus olhos pegaram sua forma. Elas se olhavam, tão novo, tão intímo, intenso. Conheceram o passado uma da outra, projetaram o futuro uma do lado da outra, eram segundos, talvez milênios, que aqueles olhares se tocaram.

A Menina-da-risada-estranha pegou a bola ao seu lado e estendeu a mão para entregá-la à Menina-dos-olhos-de-tigre, esta pegou, virou o corpo em direção aos seus amigos e a jogou com força, voltou o corpo de frente para a menina, ainda sentada no chão. Estendeu a mão e disse: "Quer entrar, tomar um leite?". A Menina-da-risada-estranha, com seu jeito meio sem jeito e aquele cabelo desgrenhado não sabia o porquê, mas sentia que ali era seu lugar e que aquele convite era pra ela nunca mais ir embora.

Levantou-se por aquela mão estendida. As duas foram andando em direção a casa, sem saber muito bem o motivo, muito menos no que daria, mas foram. A Menina-da-risada-estranha sentou-se à mesa, olhos-de-tigre trouxe duas canecas de leite quente. As duas apreciavam o leite, o momento, as trocas de olhares. Se conheceram, se apaixonaram...
--

Até hoje não se tem notícias daquelas jovens e apaixonadas moças. Uns dizem que elas foram comidas pelos tigres; outros ainda que elas envelheceram com os filhotes dos filhotes; outros que elas teriam se mudado para um sítio maior.

Há o Seu João, jornaleiro da divisa entre o campo com a cidade, que diz as vê com regularidade comprando periódicos, com seus olhos e risadas únicas.

Mas, na verdade, ninguém sabe o que se seguiu daquele portão para dentro...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

respiro

vago na areia vaga
do tempo ócio
da vida vã
de um espaço ínfimo
de momento efêmero
vida que vai sem antes estar aqui
vive do que sonha viver
não vive o que tem de vivo
mais que vida passageira
feito trem sem estação
peço que pousas sobre a plataforma do presente

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O que usaremos prá isso?


quis transcrever um poema de amor
o que findou-se numa lista de adjetivos
feito um afago para essa ansiedade
- maneira de consolo
em vez dessas palavras
"tempo, tempo, tempo"
sonorizando tal inquietude
e esse "movimento preciso"?
Preciso? devido?
indefinido, substantivo, eufemismo,
subjetivado
buscam-se palavras perfeitas para dar respostas
"palavra" "por" "si" "só" são perfeitas...
...foi criada? tornou-se perfeita.
por poder ser livre. existe por essência,
utilizada como espelho humano para reflexo do interno
- não entrarei no mérito da aplicabilidade -
agora vejam, estou aqui jogando rede
e pescando artigos, pronomes, substantivos, advérbios, preposições, adjetivos
"simples" é perfeito.
esqueci o verbo de ligação
- e o poema de amor

quinta-feira, 31 de maio de 2012

"O antigo do que vai adiante"


É um frio na barriga que ainda tá me deixando sem ar
Li suas palavras, já se passaram bons minutos
Mas a sensação está permanente

Ela disse tantas coisas sinceras, de nós
Compactuo dos pensamentos dela
Esses pensamentos têm sido reflexo do que
estamos vivendo
Vivendo. Essa é a melhor sensação.

Ama estar me amando
Amo estar te amando, menina

Curioso você estar comigo
Intrigante sentir que cada toque lhe arrepiam os pêlos
Sua voz no meu ouvido
Suas palavras um tanto roucas
Dizendo "eu te amo"
Cada letra faz pulsar ainda mais o sangue nas minhas veias

Não, não é problema de respiração
Se for dor, nego tratamento
Pra essa dor não existe cura
Entrego-me e saboreio cada tortura

Preta, obrigada.
Esse sorriso aqui na minha cara é seu
Esse batimento desenfreado é por você
Esse sangue correndo acelerado é por pensar em ti
E esse frio na barriga? Ainda está aqui.

Eu te amo, " Deus nos deu! "

quarta-feira, 23 de maio de 2012


E do amor, que sei dele?
E por que buscar nomes
se dele o que vale é sentir?
E nele encontro vida e morte e existência
Por que, então, tomar o amor a mim?
Será livre
amores descalços,
finitos somos nós no tempo
Criei-te para o mundo, Universo é sua morada,
apenas em mim repousas em descanso.
"Alegra-nos!", quase súplica de vida

terça-feira, 22 de maio de 2012

"Atravessa este verso a vontade nua"

Tocou-me o sexo com propriedade de quem sabe o que lhe pertence
Era apenas um beijo e abraço
Mas braço foi instrumento para o princípio da minha nudez completa
E beijo tocou além dos meus lábios.
Encontrei-me sob seu corpo - a desejar-lhe -
E o meu já se embriagava com seu olhar
No toque sucumbia,
calor,
meu corpo era só prazer e delírios.
Não havia nada além de nós
- exceto a possibilidade do fim interrupto -
Sua tensão se confundia com tesão, meu, seu...
A lembrança me faz revirar a cabeça, morder gentilmente os lábios enquanto passeio com a mão na nuca, por uma tentativa de senti-la, recriando na mente a vibração do meu corpo.
Desejo ardente de tê-la,
de nos termos,
de ser sua.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Heraclitando com Parmênides e Andrade

esse já é um outro momento, outra trilha sonora. um rap. a mesma caneta, uma outra mão. há tempos que coisas suas ainda eram tomadas, feito degustação de um vinho ruim, me embriagava. meu dedo tem feridas abertas, era falta de sol, ar fresco. sua pigmentação mostra a ausência de vida. olho para minha mão e não a acho mais vazia, tá nua e completa. parece até mais leve, mas acho que isso se dá pela proposta da manhã, de se ter um bom dia. esses dias minhas palavras conjugadas estão como desabafo, transcorridas numa lógica argumentativa. compreensão. um outro momento, em que me relaciono com as coisas num estado de espírito diferente, como aquele rio que não é o mesmo, ainda que seja água.

38,2°

Ela me indicou a ouvir um Jazz para suavizar o coração e escrever sobre esse sentimento. Bom, aqui estou eu. Relembrando meu método de meditação. Ontem palavras arranharam uma folha salmão, hoje são esses dedos que apertam cada letra, talvez menos teimosos e raivosos. Acordei depois de uma batalha do estresse com a ansiedade, corpo dolorido, nós (que se danem eles). Verdade, tenho pensando muito no 'vós' e suas vozes. Dão a alucinógena ideia de um redemoinho cheio de cores, cabeças girando, suas vozes de insatisfação, seus orgulhos rachados. Todos estão em mim. Há tempos atrás tomei uma decisão, cabeça quente, coração acelerado, e acho que foi uma tentativa fracassada. Olhando por um prisma interno, talvez a decisão não tenha sido tomada por mim, era o 'nós' mais uma vez. Pensando cá com meu botões, talvez seja essa um risco por mim, para mim. Quais são os fatores externos dessa decisão? É preciso entender tudo que a envolve. Item primeiro e tiro certo: família, mãe. Tem fator que me atinge mais certeiro que esse? Certamente não. Como atinge, dá pra observar e analisar isso? Tentemos. Autoestima, limitação, solidão, falta de espaço. Acho que por ai caminham bem os fatos. Segundo: PUC, não digo 'universidade' pois o peso está no nome. Sonho meu, no que mais se embasa mesmo? Parece ter se desfeito. O que a voz da minha vó soará quanto a isso? Foi a primeira coisa que pensei. Ainda não sei, talvez se eu tiver meus argumentos consolidados ela possa entender, apoiar talvez. Amigos? "Que loucura! Mas é isso que você quer? Então a gente apoia". E eu? Onde entro, qual minha participação nessa vida? Quando penso nessa ideia meu peito se enche de esperança, parece preenchido. Uma satisfação. Mas uma vez ouvi em sala de aula "é melhor errar em conjunto, do que acertar sozinho". Olha, isso parece explicar meu medo. Não estou falando em mudar de roupa, nem penteada (isso já é uma preocupação em nível maior que vestimenta), não falo em trocar de relacionamento, quiçá uma nova tatuagem. Falo em mudar minha posição na vida. Serão necessárias tamanhas mudanças? Pensemos com consciência.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

MHz

Não que eu não queira mudar, só não pretendo tirar tudo do lugar. Vale mais saber do que se trata em cada bibelô na estante. E deixá-lo embaixo para que as crianças tenham acesso com seus espíritos livres. Limitados tão nós. Agora gostaria que o Piloto desenhasse uma caixa pra minha rosa, a mais bela rosa. Talvez o carneiro a devore. Mas então nenhum de nós a terá por causa de sua cúpula. De que vale a caixa? É melhor plantar sementes e tratá-las como únicas, pois assim são. Todos em seus livres espíritos e aspirações. Também os bibelôs tenham alma e a estante seu lugar estável, ainda que mutável. Talvez objeto ou outro precise de reconhecimento, mas o labirinto... Ah, este é um calabouço. É preciso respeitar sua magistralidade e me reconhecer como mero mortal. E mudar a estação de rádio, na estante.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A dor e a delícia de ser o que é

Estive aqui.
Senti aqui, vivi aqui.
Hoje me perdi um pouco mais em mim, conheci caminhos descalços.
Senti-me, ainda sem o toque...
Estive em contato comigo,
Sem vergonha, sem repulsas,
Sem desculpas.
O bote em meio a vastidão avistou um corpo, parecia real. Era sentimento.
Guardado, escondido.
Era uma chave, mas parece não corresponder ao cadeado.
Foi um encontro, sem velas,
Sem uma bela canção,
Era amargo,
Íntimo,
Dolorido.
Era eu, sendo.

domingo, 8 de abril de 2012

Blues

Life, love e the blues.
Começo com Etta, ainda em meu sonoro.
Que Meireles, em nossas vastidões?
Que outras memórias?
Póstumas?
Parecem mortas, sem lamento, quiçá recordação.
Do que falo?
Se não minha vida?
Talvez vazio.
Creio que jardins, Jasmins. Joãos, Bernardos, Valentinas, amores.
Uísques e anedotas.
Já Billie me traz Davis, que lembrança!
Seios tão meus.
Digam-me canções, dizeres, poemas... Pra onde ireis?
Perder-se? Ainda que sejas caminho, Lispector.
Estou tentando estar aqui.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Nane

Clarisse? Não. Hoje Cecília me apresentou palavras ouvidas por minh'alma.
Presente divino.
Tamanha é a riqueza desses sentimentos que afloram em meus olhos. Estes, hoje, por vezes desviaram de lágrimas transcorridas por todo meu corpo.
Pude senti-las a cada passar nas articulações atrofiadas dessa cama. No ímpeto da emoção, nem as lágrimas tiveram palavras, era só sentimento. Ele ocupava todo esse corpo impuro e efêmero de tempo.
O sangue era sentimento em artéria. Sublime momento de estar viva. De sentir. De renascer. De amar. Sorrir.
"Coisa linda" dessa vida que nos oferece, num 'sambiar', a pureza de coração de amigos.
Dessa vez foi Davis que embalou-nos, Cecília, você e eu. E todo esse sangue, todo esse sentir, nessas atrofiadas artéria, nessa garganta arranhada.
Minha vida numa viela do peque mundo. Número 43, barraco 8. Ouço batidas na porta, é a vizinha a falar de João Miguel das 20h. Fugi para ver o bolo, no fogão a assar. Que tal uma fatia enquanto a Rita embala a leitura de Cecília? Fique à vontade, a casa é sua. O barraco é pequeno, mas o cheiro do bolo está bom, é de fubá, mas é de coração.

-
Inspirado num domingo, 18.