quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Deixe-me

Sozinho.
Permita-me o uso inadequado da referência de gênero,
é mais uma lembrança da velha canção na sutil voz de Calcanhotto.
Licença poética para o dia de hoje pois
Cética estou,
tomada de resistência, já não de luta (por ora não),
é de casca,
um ato de conformar-se,
como aquela espera pela dose de pessimismo. Uma pedra de gelo,
Também não quero suprimir-me no profundo desgosto de si.
Se o erro se deu, viúvo é quem morre e viva estou, pois duas pedras de gelo,
por favor.

O que vejo aqui.
Página em branco talvez não exista.
Há. Sempre há.
Um motivo, uma razão cósmica, pragmática,
volúvel, abstrata,
fria, desesperadora. Há.
Se mostrar-me o erro aqui estarei passível em acreditar que papel em branco se faz em vida.
Enquanto não, o pragmatismo dessa certeza se faz verdade.
Sempre há.

Como a dor.
Condição humana de sua existência, por vezes efêmera. Até a dor.
Em que há pureza? O olhar.
Sempre há., sinceridade, o olhar. Ainda que impuro, porém sincero em sua malvadez.
Puro como belo.
[Quão burguesa estou nesta estrofe que mal vejo o mal instaurado na pureza de crianças à mercê de nós.
Quão sujeito simples me exponho nessa vida, que não se faz em companhia. Sozinho,
já como vergonha.
Egoísta, vil.]

Juntar-me-ei ao ópio do navegante de Pessoa.
Cético, poético, e quem nunca foi vil?
- Traga-me este a dose de pessimismo.
Penso que o som da voz se ecoará pelo salão e então, eu, sujeito simples, me deslocarei até o bar.

Tenho em mim todos os sonhos do mundo?
Não, tenho a dor, alguns deles, o desespero,
a infância, abstração, violação,
desordem, amor.
Tenho vida!

Produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir, produzir e não saber de cor. Inacabado.

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